Jovem lagunense transforma canoas usadas por pescadores em miniaturas

O barulho da cachoeira palpita a imaginação e a criatividade do artesão Felipe Figueiredo, 24 anos, morador de Ribeirão Pequeno, a 15 quilômetros do Centro, em Laguna. A memória afetiva de Felipe tornou-se seu sustento e paixão.

Ele constrói miniaturas em madeiras de canoas que povoaram a sua infância. Foi na correnteza da cachoeira próxima de sua casa que viveu muitas aventuras.

A maioria saiu de pescarias imaginárias com grande fartura de peixes em canoas típicas da região banhada pela Lagoa Santo Antônio dos Anjos. Filho, neto, sobrinho e primo de pescadores, que usavam canoas como a caiçara, batelão, a vela, arrasto, de motor, para a captura de tainha.

Hoje, ele vende suas miniaturas pelas redes sociais e para amigos. Alguns tipos de canoas de madeira podem ser vistas em tamanho real nas lagoas e praias de Laguna. Depende o tamanho do objeto pode durar uma semana para concluir, com preços variados.

As canoas de madeira estão sendo substituídas por fibras, mais resistentes. Felipe reconhece o registro que está fazendo, suas miniaturas contam a história da navegação dos pescadores artesanais de Laguna.

Antigamente, a largura e o comprimento da canoa dependia muito da madeira a ser encontrada. A Caiçara é utilizada para pesca local, em rios e lagoas pequenas.

O Batelão é uma canoa mais larga, oferece mais segurança para o pescador. Arrasto são as utilizadas para fazer a pescaria nas praias de tainha, anchova, pampo, por exemplo, tem uma borda falsa com maior volume na canoa, é bom para enfrentar ondas grandes. A Bordada normalmente tem remadores, o chumbereiro (aquele que joga a rede na água) e o patrão.

“As canoas me motivaram a começar com esse trabalho, por ser um sonho de criança. Eu ficava fascinado ao ver miniaturas de canoas na casa das pessoas”, conta o jovem.

Ele observava, ficava olhando os pequenos barquinhos, cores, texturas e pensava que poderia melhorar e criar seus próprios. Autodidata, foi aprendendo sozinho, no acerta e erra. “Vou procurando possibilidades de melhorar o que eu estou fazendo. Hoje a internet ajuda a encontrar técnicas”.

Sua oficina fica em casa, quando precisa de uma inspiração senta em uma pedra na beira da cachoeira e com formões e canivetes vai moldurando a madeira.

Felipe aproveita tiras de madeiras que iriam para o lixo depois de uma obra, de uma demolição, também nas pequenas madeireiras na região. “Qualquer pedaço de madeira pequeno pode servir para algum detalhe. É importante sempre reciclar”, pontua.

O sonho de Felipe? Ter a sua própria canoa para navegar na lagoa perto de casa e pescar para passar o tempo.

Violões, guitarras e tatus
Aperfeiçoando suas técnicas e ‘ralando’ muito os dedos, o artesão também prepara miniaturas de violão, guitarra e outros instrumentos musicais. Seus clientes são músicos, donos de bares ou namoradas e esposas apaixonadas para presentear o amado.

Uma cena típica das praias do Sul foi restaurada e, atualmente, é peça de decoração. Um caminhão carregando uma canoa, com detalhes da rede, cordas usadas e até o espaço para transportas os pescadores, que utilizam o veículo para seguir mais rápido o cardume de tainhas para o cerco.

Também cria peças de animais como o tatu. “Estou sempre criando”, diz apaixonado pelo que faz.

Onde encontrar a arte de Felipe?
Facebook: Felipe Figueiredo Arts
Instagram: felipefigueiredo_arts