O Maracanã das águas

Priscila Loch
Imbituba
 
De Itapirubá à Praia do Rosa, são 33 quilômetros de costa. As belezas naturais de Imbituba não necessitam de apresentações. Falam por si, encantam sem grande esforço. Mas falar de turismo vai além destes aspectos, envolve uma série de ações.
 
No quesito natureza paradisíaca, não deixa a desejar em nada em comparação às praias do nordeste. O que ‘pega’ é a questão climática, já que lá é verão praticamente o ano todo.
 
Por aqui, fica difícil manter as estruturas de restaurantes e hotéis, por exemplo, fora da alta temporada. Mesmo assim, o setor cresce em torno de 20% ao ano. Há potencial para mais, precisa ser melhor estruturado!
 
Aos poucos, os empresários começam a redescobrir a cidade e a preencher este vácuo com outras opções para atrair os turistas fora da temporada de verão. Um exemplo é investimento cada vez maior no ecoturismo e no turismo esportivo.
 
Imbituba pode não ter o um Maracanã do futebol, mas tem um Maracanã das Águas de dar inveja a qualquer estado. As praias da Zimba estão entre as mais conceituadas quando o assunto é surfe, windsurfe e kitesurfe.
 
Além disso, este ano Imbituba tem grande potencial de integrar a rota de cruzeiros marítimos. O desafio é planejar e estrutura a cidade para receber este turista exigente. Imbituba tem potencial e uma vantagem: tudo é muito próximo.
 
Turismo religioso
Imbituba começou a investir em outro segmento do turismo, o religioso. Um monumento de 45 metros de Santa Paulina será construído na cidade onde foi confirmado o primeiro milagre da religiosa.
Será a maior estátua do país, inclusive que o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. O investimento será de R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões, 80% do governo do estado e 20% de contrapartida do município.
Um concurso nacional escolheu o projeto do escultor Marcelo Francalacci, que recebeu R$ 100 mil de premiação. No momento, o processo está na fase de construção das formas. Projeta-se que a obra seja licitada ainda em 2012.
Além da área de 17 mil metros quadrados destinada ao monumento, outra de dez mil metros quadrados foi liberada para a construção da capela, ao lado da gruta. A manutenção será feita pela Associação dos Peregrinos da Caminhada da Terra do Primeiro Milagre de Santa Paulina, através de um contrato de dez anos.
 
Uma das baías mais belas do mundo
Não é apenas a ocupação sempre alta das pousadas da Praia do Rosa que tornam o lugar um dos preferidos dos turistas. A beleza natural do lugar é de deixar de queixo caído mesmo. Não é por acaso que é a única praia brasileira a figurar no seleto Clube das Baías Mais Belas do Mundo. 
O grupo tem como finalidade contribuir para o desenvolvimento turístico, econômico e social sustentável, através da troca de experiências entre os participantes. Atualmente, é integrado por 28 baías e os critérios de inclusão não se restringem aos estéticos, mas também às questões referentes ao patrimônio natural e cultural. 
O Rosa conquistou este título em 2003, por fazer parte da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca e ser núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, pelo projeto do Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável, por suas belezas naturais e preservação ambiental. 
 
As baleias franca
A observação de baleias atrai centenas de turistas a Imbituba fora da alta temporada de verão e movimenta as redes hoteleira e de gastronomia de julho a novembro. Neste período, o litoral transforma-se em um grande berçário de baleias da espécie franca, a segunda mais ameaçada de extinção do planeta. Hoje, a avistagem em embarcações está proibida, mas a preferência das francas por Imbituba é tamanha que é possível ver os mamíferos das praias e morros.
 
Crescimento acima da media nacional
Imbituba cresceu acima da média entre 2004 e 2009, ano da última aferição oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O índice calculado é de 182%, enquanto Santa Catarina ficou na casa dos 80% e o Brasil em 83%.
Grande parte deste resultado deve-se ao porto, indutor da economia do município, com representação aproximada de 60% do total da movimentação financeira. Mais de R$ 30 milhões de dólares foram investidos em equipamentos em menos de uma década.
Todo o desenvolvimento previsto para Imbituba nos próximos anos, em decorrência da instalação de novas empresas, ampliação do porto e crescimento do turismo, pede mais investimentos em infraestrutura. Neste contexto está a duplicação (triplicação em determinados trechos) da principal ligação da BR-101 com o porto.
O projeto já está pronto. Custou R$ 1 milhão, incluindo estudos de impacto ambiental e desapropriações, financiado pela Santos Brasil, que bancará também todo o processo de obtenção das licenças prévias. Os recursos virão do governo federal e a expectativa é que os trabalhos sejam viabilizados ainda este ano.